ALTER DO CHÃO, INCOMPARÁVEL !

Este post é uma colaboração de Aurea Figueira, jornalista de primeira linha e amante de lugares, cultura, natureza e caminhadas. Ela viajou de férias e atualizou para o blog as informações e melhores dicas do destino, que eu adoro e ao qual já viajei várias vezes.

Alter do Chão não é o Caribe Brasileiro, simplesmente porque não dá para comparar com outros lugares. 

É incomparável!

A viagem até lá é cansativa – nossa malha viária é muito deficiente, ainda. Para chegar em Santarém, leva-se cerca de 6 horas, com, no mínimo, uma conexão. De Santarém, um taxi muito rápido te faz chegar em Alter do Chão. 

Qualquer que seja sua expectativa em relação a Alter, acredite, ela vai ser superada e muito!

E atenção: poucos brasileiros conhecem. Muitos estrangeiros tem Alter no radar e visitam o local com bastante frequência.

Fui para a hospedagem mais tradicional do destino, que é o Hotel Beloalter. É simples, como a maioria das pousadas de Alter, mas a proprietária, Irene Zampietro, é uma hostess das melhores, a comida é excelente e o diferencial é imbatível: é pé na areia.

Com a chegada da seca, em agosto, surgem pontais de areia de curvas sensuais a adornar esse rio de 850 quilômetros de extensão, um dos mais belos afluentes do Amazonas. Livre de mosquitos, piranhas ou jacarés, convida ao banho e deixa claro que cada rio é um universo próprio na região. Sua beleza é saturada no distrito de Alter do Chão, em Santarém, no Pará, quando, no fim do ano, revela 19 praias de areia branca. Nade sem receio, experimente a piracaia (peixe na grelha pescado na hora) e contemple o céu estrelado, longe de qualquer sinal de civilização. Alter do Chão ganhou reconhecimento internacional em 2009, quando o jornal inglês The Guardian a colocou entre as dez mais belas praias do Brasil. O melhor período para visitar a cidade é entre agosto e fevereiro, quando chove menos e lindas praias surgem no meio do rio. No período da vazante o Hotel Beloalter ganha um trecho de praia quase exclusivo para aos hóspedes.

Clique nas fotos abaixo para ver as próximas.

Fotos: beloalter.com.br, TripAdvisor e Vem Para Alter

Como cheguei à noite, só coloquei o pé na areia no dia seguinte pela manhã. Por um momento achei que estava nas praias paradisíacas do sul da Bahia, recortadas, de areia muito branca. Assim que me dei conta que as volumosas águas formando dunas e ilhas eram as do Rio Tapajós tive aquela sensação de quem esta vendo o mar pela primeira vez.

É indescritível. Tudo vem na cabeça de uma vez só. O tamanho do Brasil, nossa riqueza natural, nossos recursos hídricos, capazes de matar a sede do mundo, se for bem tratada.

Fotos: Tiago Silveira, Lubasi, Celeumo e Aurea Figueira

Alter é uma pérola no Pará, um vilarejo de 7 mil habitantes, eleito pelo jornal britânico The Guardian como uma das melhores praias do Brasil. Praias, veja bem. São praias, mesmo, das águas doces do Tapajós, que nasce no Mato Grosso, cruza o Sudoeste do Pará e, antes de desaguar na zona portuária de Santarém, beija as areias da terra dos índios boraris e dos Munduruku.

Enquanto respirava e entendia aquela imensidão inusitada da Amazônia, fiz o primeiro passeio obrigatório em Alter, a Ilha do Amor.

 

 

Fui a pé da pousada – uma caminhada pela areia e uma travessia pequena do rio, enquanto a maré está baixa. Temos que entender essa ilha pela perspectiva geográfica dela, é ai que esta toda a beleza ao percebermos seu formato de coração estilizado, mas que vai mudando conforme a época do ano.

Foto: Meu Roteiro RDC

 

 

Turistas e nativos na Ilha. Foto: Luiz Pantoja

Na beira da ilha há uma imensidão de quiosques que abrigam turistas e nativos garantindo cerveja gelada e petiscos da região. Quando está muito cheio a ilha perde no visual. Mas é linda.

Os passeios são tantos que fiquei perdida no começo. Todos podem ser feitos por terra, alugando um carro ou utilizando os serviços de taxis. Mas claro, nada se compara aos passeios de voadeiras (nem os preços!)

 

 

Principalmente se eles forem feitos com o melhor guia de Alter – o Pitó –,   nativo, cheio de histórias, cuidadoso e com preço justo e negociável.

Vou contar hoje sobre a primeira das minhas jornadas nas águas caudalosas dos Rios Tapajós e Amazonas.

 

 

 

 

 

Voadeiras. Fotos: Los viajes del Cangrejo

Passei a maior parte do tempo navegando pelo Tapajós para conhecer seu encontro com os rios Arapiuns e Amazonas. Mais do que um passeio eco turístico, é um passeio que guarda muita história daquele povo e que, consequentemente, afeta a história brasileira. Sendo longo ou curto, o passeio convida a observar tonalidades de verde, azul e… marrom. Além de encontros com botos-cor-de-rosa, jacarés, bichos-preguiça, capivaras e outros bichos, nos encontramos com o mais caudaloso rio do mundo, o Amazonas. A mistura com o Tapajós não é fácil. Mas, enquanto se assiste ao espetáculo da natureza, diversas revoadas de periquitos, carcarás e jaçanas fazem a trilha sonora.

A parada obrigatória é na Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns, onde pude ver e conviver por algumas horas com a comunidade de Anã. Um refeitório e banheiros coletivos são suficientes para todos os moradores e visitantes. 

Claro que é tudo muito bem organizado: passeios pela mata, visita a um apiário caseiro de abelhas sem ferrão, degustação de mel, almoço já tratado com antecedência, e, claro, a lojinha. 

Emociona ver o artesanato dos índios, são peças que chegam a custar somente 7 reais e nem sempre são maravilhosas. Mas não é possível sair sem adquirir nada. Meu impulso da compra se deu pelo aspecto humano e social, as comunidades são pobres e vivem do nosso turismo.

Fotos: Aurea Figueira, Lisa Cyr e Portal Amazônia.

Tem muito mais para conhecer e fazer em Alter, incluindo o centro de Santarém e, claro, Belterra, que é Patrimônio Arquitetônico. 

Antes de publicar o próximo passeio e dar mais dicas, alerto; nunca acredite que Alter do Chão é o caribe brasileiro. 

Alter é único, incomparável.

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