Este post faz parte de uma série de cinco dias na Flórida, vividos e relatados aqui por nossa colaboradora Victória Bernardes. Para ver o post anterior, clique aqui!
Com uma oferta incrível de pontos turísticos incomuns na Flórida Central, ficar apenas em uma acomodação não combinava com as escolhas para os próximos dias. Por isso, decidi que era hora do check-out! Carreguei o carro com as malas e parti para a rota que me levaria a um local de contemplação com 90 anos de idade.
Localizado em Lake Wales está o Bok Tower Gardens, um dos maiores jardins dos Estados Unidos projetado em 1929 por Edward Bok, um imigrante chegado aos Estados Unidos de Den Helder, na Holanda, com apenas 6 anos de idade. Esforçou-se para aprender inglês e tornou-se um editor de livros de sucesso e um autor que ganhou um Prêmio Pulitzer. Além disso, é conhecido até hoje por seus feitos humanitários e sua luta pelo paz mundial.
A entrada é bem simples e até desanima, mas acabou concretizando-se na promessa de um destino de contemplação por ser realmente um santuário de paz e belezas naturais. Aqui também tem um museu, com um acervo incrível, o Pinewood Estate e a Torre que Canta.
Começando do início. De onde surgiu a ideia de criar um espaço como Bok Tower Gardens?
Edward Bok tinha em mente que gostaria de projetar um lugar que “tocasse a alma com sua beleza e tranquilidade” e achou a oportunidade perfeita em Iron Mountain ou Montanha de Ferro, um dos pontos mais altos da Flórida próximo ao lago Lake Wales, onde passava a temporada de inverno. Comprou terras e transformou-as em uma extensa paisagem de jardins exuberantes com uma majestosa torre que chamou de Torre que Canta, que preserva um carrilhão de 60 sinos.
Bok Tower Gardens foi entregue ao público norte-americano em 1º de fevereiro de 1929 como um verdadeiro presente holandês e, originalmente, era chamado de Mountain Lake Sanctuary e Torre que Canta.
Logo na segunda entrada, a vibração da propriedade já nos encoraja através de um frase no portal: “make you the world a bit better or more beautiful because you have lived in it” que, em tradução literal diz: faça do mundo um pouco melhor ou mais bonito, porque você vive nele. Foi a mãe de Edward Bok quem disse e norteia até hoje a missão de todos os colaboradores e funcionários do local.
Para entender do que se trata o jardim, a Torre que Canta e Pinewood Estate, é necessário ter como ponto de partida o Visitor Center, ou a administração e museu do local. Por ali, podemos assistir a um documentário de 15 minutos que traz para perto dos visitantes a história e os significados do que será encontrado.
Fotos: Victória Bernardes
Pinewood Estate é uma mansão de 20 quartos, construída nos anos 1930 no estilo mediterrâneo e servia de “casa de retiro” do vice-presidente da siderúrgica Bethlehem Steel, Charles Austin Buck. A empresa era dedicada a construção naval e foi a principal entre as mais de 20 corporações do ramo. Todo o mobiliário é preservado desde a construção da propriedade, tal como os jardins.
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A Torre que Canta preserva um instrumento musical chamado Carillon. Com pelo menos 23 sinos de bronze precisamente afinados e alinhados em progressão cromática, proporciona arranjo musical ímpar, de sons de cinco ou seis oitavos. Seu peso é tamanho, que faz com que seja um dos maiores instrumentos musicais do mundo e é tocado através de um teclado ligado por fios verticais e horizontais aos sinos, e as teclas são pressionadas pelas mãos e pés do músico.
A Torre que Canta possui pouco mais de 56 metros de altura e foi projetada por Milton B. Medary e elaborada pelo famoso escultor de pedra Lee Lawrie. É toda construída de mármore e possui uma pesada porta de ferro que a separa do mundo real. Hoje, apenas pessoas autorizadas podem entrar, mas podemos ter uma ideia do interior. No andar térreo, há uma pequena sala com lareira, móveis antigos e piso de cerâmica. O que nos leva ao segundo nível é uma escada de ferro ou um elevador elétrico original da marca Otis e, por lá, encontram-se arquivos, documentos, correspondências, planos, fotografias e objetos históricos de Bok Tower Gardens.
O terceiro andar resguarda equipamentos mecânicos e um antigo tanque d’água que servia para irrigar os jardins, e o quarto é utilizado pelas equipes de manutenção quando é necessário trabalhar na infraestrutura da torre. No quinto nível está a Biblioteca Anton Brees Carillon, onde estão muitos livros de Edward Bok e a maior coleção de história e música de carillon do mundo, incluindo o Guia para Carillonneurs (em tradução literal: guia para tocadores de carillon) com Arquivos da América do Norte e a coleção do compositor Ronald Barnes. No sexto andar está um pequeno escritório para gravações dos concertos e um carillon menor para ensaios, e no sétimo está o famoso instrumento musical que origina o nome da Torre, com 60 sinos posicionados nas quatro varandas, o que garante que todo o jardim escute a música, todos os dias, às 13h e 15h. No oitavo nível e último andar estão posicionadas oito estatuetas de garça, também esculpidas em mármore.
Ainda no Visitor Center, há um espaço dedicado a obras de arte itinerantes que retratam arquitetura, plantas, jardins e mais elementos característicos da Flórida.
Depois dessas aulas, era hora da prática!
Logo que saímos dali, é possível encontrar o River of Stone: um caminho de cascalho que apresenta plantas aéreas e que flutuam na água, as Tillandsias, uma espécie que não requer solo e absorve todos os nutrientes do ar e da água.
Uma guia importantíssima, a diretora de Marketing Erica Smith, acompanhou a visita. Ela contou que, assim que Edward Bok decidiu criar os jardins, contratou o arquiteto paisagista Frederick Law Olmsted Jr. A princípio, a ideia do Sr. Bok era ter apenas flores brancas, para realmente trazer à realidade o significado de paz. Com muito esforço, Olmsted o convenceu de que o jardim seria muito mais famoso se apresentasse a diversidade natural de muitas cores, flores e plantas. Ainda bem! Hoje, podemos ver hectares de samambaias, palmeiras, carvalhos, pinheiros, azáleas, camélia, magnólia e muito mais.
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E se já não fosse o suficiente, Bok Tower Gardens é lar para mais de 126 espécies diferentes de aves, o que o faz ser parte do Great Florida Birding Trail, coleção de quinhentos locais na Flórida que preservam habitats de pássaros. E, além disso, muitos animais têm os jardins como sua moradia fixa!
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A próxima parada foi o Hammock Hollow Children’s Garden, três acres de natureza dedicado a crianças, com brincadeiras que ensinam a importância da preservação e promove conexão entre os animais, as plantas e as pessoas. Por aqui, os pequenos, acompanhados de adultos, vivenciam arte, recursos de refrigeração de água, calçadão, plantações, palco de performances e área de música e podem subir, descer, pular, escavar, construir e criar.
A coisa que mais achei fofa foi o bosque das fadas, onde foram colocadas pequenas casinhas de fadas nas árvores para alimentar a imaginação dos pequenos.
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Depois, segui para o Pollinator Garden, ou jardim polinizador, que oferece um paraíso para abelhas, borboletas, pássaros e insetos que se alimentam de pólen e néctar. Foi aqui que gravei o vídeo abaixo de uma borboletinha fazendo seu trabalho!
Ao lado fica a Kitchen Garden & Outdoor Kitchen. Assim como já sugere o nome, é uma cozinha ao ar livre que dispõe de fogão, forno de pizza a lenha, eletrodomésticos, ótima infraestrutura e mais. O local pode ser alugado para reuniões e datas comemorativas. Uma horta com ervas, vegetais, verduras e um pomar de frutas bem ao lado é para as aulas de culinária oferecidas por aqui.
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Depois de conhecer esses espaços, segui pela trilha de daria direto à Torre que Canta, e onde estão as principais desenvolvimentos de jardins de Bok Tower Gardens. A seguir, especificarei cada um:
Primeiro, a Spring Peak Bloom Season, uma verdadeira explosão de cores visuais durante a primavera é proporcionada por mais de 150 variedades de camélias, centenas de azáleas, orquídeas, íris e outras espécies de flores. Seguindo com Endangered Plant Garden, dedicado à vegetação rara encontrada na Flórida e risco de extinção.
Endangered Pland Garden, que dá vista à Torre que Canta! Foto: Victória Bernardes
As trilhas são muito íngremes e, enquanto sigo por um caminho de pedras, a Torre que Canta surge de repente. Ela foi projetada para ser exatamente assim: surpreendente! À sua frente está a Reflection Pool, ou piscina de reflexão que, não sei se propositalmente, além de refletir a torre também nos convida a mais uma oportunidade de reflexão. Seja pelos caminhos que me trouxeram até a torre, ou sobre a magnifica natureza retratada e preservada.
Ali vivem muitas espécies aquáticas, bem como carpas que podem ser alimentadas.
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A região da Torre é magnifica. Bem no portão de ferro na cor dourada, está o túmulo de Edward Bok.
O relógio de sol no lado sul da Torre foi posto em prática em 26 de outubro de 1928. O gnômon, que indica o tempo lançando uma sombra no mostrador, é feito com hastes de bronze. As horas são marcadas pelos 12 signos do zodíaco e uma tabela de correção para diferentes períodos do ano está localizada na base do relógio de sol.
Em muitos pontos existem clareiras onde podem ser realizados piqueniques, comemorações e até casamentos. A vista é incrível, então se o momento é especial, com certeza ficará mais ainda com a oportunidade de estar em um local como Bok Tower Gardens.
Fotos: Victória Bernardes e kristenmariephotog.com
É difícil pensar que foi tudo milimetricamente projetado pelo arquiteto paisagista Olmsted. Mas, quando é hora de voltar ao Visitor Center e o caminho é muito mais curto, dá para se ter a sensação.
A última parada foi o The Blue Palmetto Café, um restaurante tão contemplativo quanto qualquer elemento da propriedade. O cardápio era recheado de opções naturais e refrescantes. Fui de Chicken Salad Sandwich, um croissant recheado de frango cremoso, salada e tomate. Saudável!
Me despedi daquele local com um pouco de nostalgia. Durante todo passeio em Bok Tower Gardens, me vi agradecendo àquela natureza todas as oportunidades que estava tendo na Flórida Central, destino esse que eu também me despedia, rumo ao último dia de uma viagem incrível totalmente fora da minha zona de conforto.
Por mais que deveria ter sido a primeira parada, resolvi visitar o Centro de Informações aos Visitantes da Flórida Central para assegurar que nada estava sendo deixado para trás.
Voltei para Davenport e me deparei com uma cabana de madeira muito convidativa. Lá dentro, as paredes eram cobertas de posteres dos pontos turísticos que visitei nos quatro dias e uma área reservado ao Hall da Fama dos Esportes da Flórida Central, esse que, particularmente, chamou minha atenção. Artigos de boxe, basebol, golfe, tênis, corrida, natação, basquete e mais são preservados em homenagens a nomes como Jack Nicklaus, Arnold Palmer, Chris Evert, Frank Shorter, Rowdy Gaines, George Steinbrenner, Curt Gowdy, Otis Birdsong, Rick Barry, Michael Irvin e outros.
Fiz a volta na 101 Adventure Court depois de decidir passar o meu último dia de viagem pela Flórida na Costa Espacial Americana, famosa por inúmeros lançamentos de foguetes memoráveis, como o Apollo II. Avistei um complexo de compras com diversas lojas famosas como Ross, Target, Rue 21 e muito mais e, claro, parei, pois ninguém é de ferro!