É natural o encantamento com as possibilidades abertas pelo Airbnb. Afinal, o site oferece um bom leque de opções, na maioria das vezes mais econômicas que as diárias de hotéis, para se hospedar e ter a chance de preparar sua própria refeição durante a estadia.
O Airbnb é a plataforma colaborativa que mais ganhou espaço no turismo. Rapidamente se tornou uma ferramenta para viajantes de todas as vertentes e uma ameaça às agências de viagem tradicionais e aos hotéis e outros meios de hospedagem tradicionais.
É natural o encantamento com as possibilidades abertas pelo Airbnb. Afinal, o site oferece um bom leque de opções, na maioria das vezes mais econômicas que as diárias de hotéis, para se hospedar e ter a chance de preparar sua própria refeição durante a estadia.
Porém, depois desse impacto inicial, quase sempre há um choque de realidade. Como muitas inovações da chamada economia disruptiva, Uber à frente, o Airbnb ainda não está plenamente regulado e começa a enfrentar resistência, sobretudo em mercados mais maduros de turismo, como a Europa.
A perspectiva de ter, a partir das locações viabilizadas pelo Airbnb, um grande volume de turistas de procedência não-mapeável fez com que oito cidades europeias – Madri, Paris, Bruxelas, Amsterdã, Viena, Reikjavik, Cracóvia e a minha amada Barcelona – anunciassem no início deste ano que tomariam medidas contra o serviço online. Inicialmente, a ideia é exigir que o Airbnb revele a identidade dos proprietários que alugam seus imóveis para os turistas, o que contraria o princípio em que o site está ancorado (ao revelar os dados dos envolvidos, estes podem prescindir da intermediação da plataforma).
As prefeituras e gestores das cidades sustentam que a informação é essencial para evitar a saturação dos serviços e da infraestrutura das cidades, já bastante afetadas pelo fluxo contínuo de turistas que utilizam meios de hospedagem tradicionais. Enquanto o impasse sobre o anonimato dos proprietários continua, algumas cidades impõem regras que limitam o uso do Airbnb. Em Amsterdã, por exemplo, o aluguel está restrito a 30 dias anuais.
A necessidade de regulação também é sentida para além da Europa. Em Miami, associações hoteleiras brigam para que o aluguel via Airbnb responda a padrões mínimos de segurança. Muito antes, em 2014, o estado de Nova York já havia proposto uma ação contra o site, alegando que a ferramenta fere a legislação local para aluguéis e permite a sonegação de impostos. Aqui no Brasil já há notícias de condomínios que proíbem esse tipo de locação, tendo como justificativa eventuais prejuízos e riscos à segurança provocados pela alta rotatividade de pessoas gerada pelo serviço.
De nossa parte, acreditamos que essa economia disruptiva e as novas formas que vem assumindo as relações comerciais, vieram para ficar. Com a entrada do Uber e outros aplicativos, já vemos o resultado na concorrência, que melhorou muito a prestação de serviços. Por outro lado, problemas de segurança já surgiram e tem que ser resolvidos.
Nas minhas pesquisas profissionais, os turistas estão anos luz à frente dos serviços oferecidos. Os consumidores sempre utilizam serviços e conhecem atrativos, lugares ou fazem atividades que nem sabemos que existem.
Ou seja, é por alguma razão que o aluguel por temporada, que existe desde sempre, e agora o AirBnb, fazem tanto sucesso!
Combater, como fazem as entidades associativas de hotéis, me parece que tem sido ineficiente. Melhorar os serviços e atrair os viajantes para seus estabelecimentos, oferecendo diferenciais que sejam compensadores para o consumidor seria uma estratégia mais adequada. Ou seja, comprovar que os hotéis, além de pagarem impostos e gerarem muitos empregos, podem fornecer uma experiência melhor do que o aluguel por temporada.
Mas este tema é complexo tanto sob o ponto de vista da economia do turismo como do conforto do consumidor e que com certeza continuará movimentando a discussão. Eu, pessoalmente, atuo e entendo todos os lados, o que é “bem tucano” da minha parte.
Eu vou falar mais sobre estas experiências em outro post, quando mostrarei que alugar uma casa na Provence, por 30 dias, é sim uma ótima opção de viagem para comemorar 60 anos…
Não os meus, é claro!